Iniciada no Brasil em 2015, a campanha ‘Setembro Amarelo’ busca conscientizar a população sobre o aumento dos casos de suicídio no país – cenário no qual a depressão desempenha papel de protagonismo, estando envolvida em 90% dos casos segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Dentre as diversas as razões para o desenvolvimento de um quadro depressivo está incluída a perda auditiva – ao passo que o indivíduo passa a conviver com dificuldades de comunicação, perdendo o prazer em se relacionar socialmente, inclusive com as pessoas que ama.
Nesse contexto – de acordo com a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a utilização de aparelhos auditivos tem auxiliado idosas a sair da depressão de idade superior a 65 atendidos em seu Ambulatório de Saúde Auditiva.
De acordo com a pesquisa – que teve como base um estudo com 40 idosos de idade superior a 65 atendidos em seu Ambulatório de Saúde Auditiva, mulheres idosas que, antes de utilizar as próteses, alegavam sentir-se vazias, frequentemente aborrecidas, sem energia ou esperança, passaram a não apresentar a mesma queixa após passar a usar os aparelhos.
Obviamente, o critério de recrutamento atrelava depressão com presbiacusia e indicação para uso de aparelhos auditivos – a fim de investigar se havia relação entre uma doença e outra.
Para a fonoudióloga e autora do estudo, Virgínia Chaves Paiva de Queiroz, o material colhido deve servir de base de orientação para que profissionais de saúde insistam a importância das próteses auditivas e forneçam o suporte necessário no período inicial a fim de que os pacientes não as abandonem antes da completa adaptação.
Relação de perda auditiva e depressão é confirmada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
Segundo a OMS, um terço das pessoas acima de 65 anos têm dificuldades para ouvir. Achou muito? A principal organização de saúde do mundo aponta que entre o público de 75 anos ou mais esse percentual salta para 50%.
Pensando nisso, a OMS alertou todos os profissionais da saúde auditiva para o fato de que problemas nessa área possuem um impacto direto na saúde emocional do idoso.
Isso porque o fato dele não ouvir bem faz com que ele acaba se isolando com o objetivo de não se ver constrangido por alguma situação. A depender da gravidade do problema, a pessoa idosa evita a convivência até mesmo com seus familiares – o que acaba, por consequência, ocasionando quadros depressivos.
Reforçando a relação identificada por Unicamp e OMS, um estudo realizado pela Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, revelou que entre idosos com perda auditiva não tratada – 57% estavam mais suscetíveis à depressão.
Diante de todos esses estudos, é fundamental que – assim que surjam sintomas e, posteriormente, seja diagnosticado o problema auditivo de fato – os familiares apoiem o idoso na introdução aos aparelhos auditivos.
Cada dia mais modernos, eles são capazes de devolver a alegria e o prazer da comunicação às pessoas – sem os outrora temidos efeitos colaterais como zunidos ou desconforto estético. Mais que saúde pela saúde, uma audição bem apurada é fundamental para a qualidade de vida de qualquer cidadão.